Convocatória
Estamos em meio a uma intensa disputa pelos rumos da sociedade. O povo brasileiro enfrentou a tragédia do governo Bolsonaro, extraindo lições sobre o caráter autoritário de seu projeto. Através de uma intensa mobilização social e política, conseguimos derrotá-lo nas urnas. Porem o bolsonarismo ainda mantém uma presença significativa na sociedade e nas esferas institucionais. Este, no entanto, não é um problema brasileiro, mas atinge direitos da classe trabalhadora e dos povos no mundo inteiro. A extrema direita governa ou se encontra em situação de chegar ao governo em quase toda a Europa. Governa a maior potência militar do planeta e também a Índia. Em vários pontos do planeta demonstra a sua força e tensiona governos que se reivindicam democrático-populares e governos liberais de todos os tipos.
Organizações brasileiras, com atuação no sul do Brasil, convocaram a 1ª Conferência Internacional Antifascista, inicialmente planejada para ocorrer em maio de 2024. Entretanto, nesta época, o Estado do Rio Grande do Sul enfrentou a maior enchente de sua história, resultado direto das mudanças climáticas, com impacto em milhões de pessoas. Na ocasião, centenas de pessoas, representando causas e lutas de 31 países em 6 continentes, haviam respondido ao chamado. Diante da gravidade da situação, foi uma decisão difícil, porém absolutamente necessária, cancelar o evento naquele momento, para que todos os esforços pudessem ser direcionados à reconstrução das cidades devastadas. Agora, chegou o momento de retomar a convocação da Conferência, mantendo os mesmos pressupostos que deram origem ao primeiro chamado.
A extensão e o avanço da coordenação das forças fascistas e da extrema-direita ao nível mundial estão apoiados e encorajados por frações importantes do grande capital. A ascensão da extrema direita, acompanhada pelo surgimento de organizações claramente fascistas ou neofascistas coincide com os primeiros balanços da experiência traumática representada pelos governos Donald Trump nos Estados Unidos e de Jair Bolsonaro no Brasil. Na vizinha Argentina, Javier Milei promove uma guerra contra a classe trabalhadora, os setores populares e a juventude, trabalhando para destruir direitos e conquistas históricas, tanto sociais quanto democráticas. Felizmente Milei afronta uma importante resistência popular, e as manifestações de resistência estão crescendo frente a Trump nos Estados Unidos.
No momento em que mandamos este convite, o governo neofascista de Netanyahou prossegue sistematicamente um genocídio contra o povo palestino, especialmente na faixa de Gaza. Isto só é possível pelo apoio ativo, militar e econômico, dado pelo governo dos Estados Unidos e pela cumplicidade de seus aliados, em particular os governos da Europa Ocidental. Também se tornou possível devido a passividade de outros governos que não tomam sanções contra Israel. Porém isso não impede dezenas de milhões de cidadãos se mobilizam em permanência em solidariedade com o povo palestino e pelo fim do genocídio.
Ao passo do avanço da extrema direita, governos aumentam massivamente as despesas de armamento, se negam a adotar as medidas urgentes necessárias frente as mudanças climáticas e ao agravamento da crise ecológica, restringem o exercício das liberdades democráticas, aplicam políticas desumanas que ferem os direitos dos migrantes e o direito de asilo, desenvolvem comportamentos racistas e homofóbicos, atacam os direitos das mulheres e dos LGBTQIA+, ameaçam os direitos dos povos à autodeterminação…
Em Porto Alegre, capital de importantes tradições e aspirações democráticas, procuramos criar uma experiência de unidade entre forças com presença militante e relevância na sociedade, no campo eleitoral e no campo político e ideológico mais amplo, indicando como prioridade a luta contra a extrema direita em múltiplas frentes, com base em acordos de unidade política, respeitando as diferenças.
A partir da iniciativa do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Comunista do Brasil (PC do B), do CPERS (Sindicato das Professoras(es) e Funcionárias(os) de Escola do Rio Grande do Sul), da ADUFRGS (Sindicato Intermunicipal de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no Estado do Rio Grande do Sul, convocamos as forças antifascistas internacionais a abrirem um diálogo que possa enfrentar a destruição promovida pela onda neofascista, priorizando a unidade em todas as frentes contra toda a extrema direita. Porto Alegre foi o núcleo da resistência popular que derrotou um Golpe de Estado em 1961, além de palco, no início deste século, do Fórum Social Mundial, reunindo aqui diferentes expressões da esquerda e organizações sociais. Centenas de milhares participaram desse processo de construção unitária por um outro mundo possível.É para responder aos desafios que a humanidade e os povos enfrentam que os convidamos em Porto Alegre dos dias 26 a 29 de março. Trata se de debater e de reforçar as lutas nas ruas e outros espaços. Enfrentar as expressões da extrema-direita e do fascismo e colocar em prática a solidariedade entre os povos em luta, a defesa dos direitos sociais e econômico, das liberdades democrática, do meio ambiente, da ciência e da arte, e contra todas as formas de exploração, de xenofobia ou qualquer outro tipo de opressão. Apelamos a todas as organizações, personalidades, movimentos e atores políticos que o queiram de se somar a esta iniciativa e de apoiar este Ia Conferência Internacional Antifascista.
Saudações antifascistas,
PSOL, PT, PCdoB, CPERS, ADUFRGS e MST